Hoje eu já não caibo em mim. Meus olhos reluzem uma solução de água e sais que me ofusca a vista e, só de teima, fica ali, salvando minhas dores de serem enxurradas.
Por mais que eu fuja do amor ele sempre dá um jeito de me encontrar - a razão e o coração brigando de navalha nos dentes e a alma se debatendo, tentando descobrir se existe algum lugar mais baixo que o chão.
Durante um mês inteiro fiz um regime, cortei carboidratos e tudo aquilo que provocasse o amor, mas infelizmente, durante esse mês, tudo que consegui perder foram trinta dias da minha vida e um bocado de força imunológica.
Eu não tenho como me esconder dele, por mais que eu tente, ele sempre me acha. O “amor” está nos dentes brancos dos comerciais, no café amargo com quatro colheres de açúcar, no mico-leão da nota de vinte e até no tempero/canção brega que a dona de casa usa pra dar gosto ao feijão. O único problema de me juntar a ele, o amor, é que assim estarei admitindo que não posso vence-lo - não poder não é o problema, o problema é admitir.
Minha salvação é que em tempos de pornografia virtual ninguém mais precisa ser amado para amar. Sentimentos platônicos voltaram com tudo nessa estação – felicidade 24h por dia ou garantimos a devolução do seu esperma.
Sites de relacionamento, e-mail com peitinho, chá das cinco... é tudo a mesma merda. O mundo, hoje, não apenas me condena como também me executa e eu, nessa prontidão sem fim, não apenas vou fingindo que sou rico, mas também, de esperto que sou, finjo ser bobo e, o amor, de malvado que é, finge que acredita.
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